terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O encanto de Milton

Com um novo disco lançado, o cantor e compositor Milton Nascimento fala de sua paixão pela sonoridade do idioma e relembra momentos da carreira

Amilton Pinheiro

O cantor e compositor Milton Nascimento demorou muito a aceitar seu nome artístico. Implicava com o nome, a ponto de muitas vezes ser chamado nas ruas e não achar que era com ele. Hoje ele se acostumou, mas gosta mesmo é ser chamado de Bituca. O cantor, que completou 69 anos em outubro (nasceu no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1942 e foi criado em Três Pontas, MG), está com um novo disco "...E a gente sonhando", tendo terminado recentemente a turnê desse trabalho.

A maioria das canções de Milton Nascimento nos remete à natureza e à celebração da vida, em especial das amizades, como as que ele fez com o pessoal que participou do nascimento do Clube da Esquina, como Márcio Borges, Lô Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, entre outros. Em 2012 o Clube da Esquina completa 40 anos e, para Milton, essa "junção" de amigos (ele não considera o Clube um movimento por não ter sido planejado) foi importante para o início de todos eles, marcando as suas carreiras.

Milton Nascimento não é dado a elaborações na hora de escrever suas letras, e tampouco gosta de falar sobre o assunto. Acha bacana quando o Caetano Veloso e o Chico Buarque comentam sobre a maneira como escrevem suas composições. Para ele, isso não é algo pensado de forma racional, ele escreve o que seu coração diz. A seguir, o eterno "Coração de Estudante"  da música popular brasileira fala à Língua sobre sua música.

Você poderia falar um pouco do CD e da turnê ".E a gente sonhando"?
É um disco que remete a minha Minas Gerais. Fiz esse disco com vários parceiros, como Fernando Brac, Márcio Borges, Flávio Henrique, Pedrinho do Cavaco. Regravei algumas outras canções, como Resposta ao Tempo, de Cristovão Bastos e Aldir Blanc. A música título do CD, eu compus nos anos 1970, mas não tinha gravado ainda.

Qual o peso da palavra na sua formação?
A palavra era como uma oração lá em casa, algo sagrado mesmo. A palavra teve uma presença muito forte dentro do meu lar. Além de ter tido outras profissões, meu pai também foi professor em Três Pontas (MG), e por causa disso eu cresci num ambiente cheio de livros. Eu fui apresentado muito cedo ao mundo das letras, e minha casa respirava cultura. Pois além da paixão de meu pai pelo conhecimento, minha mãe completava isso com seu amor pela música. E essas duas coisas foram fundamentais na minha formação.

Você nunca gostou do nome Milton Nascimento. Por que o escolheu para sua carreira, já que podia ter sido outro?
De fato, durante muito tempo eu não gostava do meu nome, desde criancinha. Depois de um tempo, já como artista, vi que o nome Milton Nascimento ficou legal. Larguei então dessa bobagem. Não pensei em adotar um nome artístico - eu só não queria mais ficar pensando sobre isso. Desisti de arrumar outro nome e ficou esse, que não mais me incomoda hoje [risos].

Quais os cuidados que você toma com relação ao uso da língua ao compor?
Na verdade, eu sempre faço música seguindo exatamente aquilo que meu coração quer dizer no momento. Portanto, eu não costumo ter um pensamento racional na hora de compor. Quando vejo o Caetano Veloso e o Chico Buarque explicando como trabalham com a língua, acho sensacional, mas eu não penso de forma racional sobre isso. Sigo, claro, regras cultas do português, mas a letra vai jorrando sem muitas elaborações. Escrevo o que vejo e o que meu coração processa na mente.

O que mais atrai você no uso da língua portuguesa?
É minha língua, sou brasileiro, e isso basta. Como eu falei anteriormente, não fico pensando de forma racional no uso da língua. Acho que a língua portuguesa tem uma sonoridade peculiar que me atrai e seduz, como a sereia que ao cantar leva os marinheiros à perdição. É assim que a língua portuguesa me atrai, como algo que seduz e leva à perdição, no bom sentido [risos].

É possível dizer que há musicalidade no idioma?
Claro que sim, a língua portuguesa é uma das mais musicais que existem. Ela tem uma sonoridade que lhe é muito peculiar. Fiz várias parcerias com artistas estrangeiros e eles sempre me falaram da beleza que é a sonoridade da língua portuguesa. O que primeiro atrai esses músicos estrangeiros é a sonoridade, já que eles não entendem o idioma.

Você nunca aderiu a nenhuma legenda partidária, a um partido, mas a alguns políticos, como por exemplo Tancredo Neves...
O Tancredo foi uma coisa muito forte na minha vida. Ele era muito ligado aos músicos, principalmente aos músicos mineiros. Teve uma vez em que ele estava na casa dele e chegaram alguns jornalistas para entrevistá-lo. Ele pediu que aguardassem, pois estava esperando uns músicos. Para ele, eram mais importantes os músicos do que a entrevista que ia dar. Então, para nós [músicos], ele era uma pessoa muito querida, muito importante [risos].

Você foi também muito ligado ao ex-presidente Juscelino Kubitschek?
Fui. O Juscelino era ligado à dança, à música, à literatura. Eu o conheci em Diamantina [Minas Gerais]. Nós fomos, eu, Márcio Borges, Lô Borges e Fernando Brant para Diamantina fazer umas serenatas e uma reportagem para uma revista [O Cruzeiro]. Numa dessas serenatas que começou à noite e varou pela madrugada afora indo até o outro dia, acho que eram umas dez e meia da manhã, quando se aproximou um carro todo preto, um carrão, eu olhei e disse para o pessoal: "Ih, lá vêm coisas". A gente fingiu que não estava com medo. Desceu um crioulão forte que foi abrir a porta de trás e saiu Juscelino e foi logo dando uma risada meio parecida com a do Papai Noel. Ele ria igual a Papai Noel, era muito engraçada a risada dele. Aconteceu que ele sentou com a gente e um fotógrafo que estava ali próximo tirou uns retratos de todos nós. Ele assim que chegou falou: "Vocês tocam uma música para mim?". Nós perguntamos: "Claro, pode ser qualquer uma?". Ele falou uma coisa que ninguém acreditou depois que falamos, nem a filha dele.
Ele disse: "Podem tocar qualquer coisa, mas  não toquem Peixe Vivo, que eu odeio essa música" [risos]. Mas o lance do Juscelino falar assim da música Peixe Vivo me lembra uma coisa que aconteceu comigo, mas eu freei a tempo. Perguntaram numa ocasião qual era a comida de Minas que eu gostava mais, aí eu disse: "pão de queijo".  Tinha outras comidas que gostava mais, mas saiu aquela, tudo bem. Tudo bem nada, porque em todo lugar que eu ia tinha pão de queijo. Sempre que aparecia o pão de queijo eu falava: "Lá vem o pão de queijo novamente". Eu nunca mais, em entrevista nenhuma, falei mais no pão de queijo, quando alguém perguntava que comida mineira gostava.

O disco "Clube da Esquina", de 1972, foi um marco na sua carreira?
Esse disco foi um marco para todos nós [Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges, Fernando Brant e Ronaldo Bastos]. Fiz o convite primeiro para o Lô, depois chamei os outros músicos. O Lô é até hoje um dos meus melhores amigos. Nós compomos ainda. Agora ele fez uma homenagem para mim que quase acabou comigo. Eu disse para ele: "Você quer me matar, pô". Ele é o maior barato.

O peso da música americana no início de sua carreira foi grande, a ponto de um dos conjuntos que você montou ter se chamado "W`s Boys"...
Naquela época dos W's Boys, quando a gente costumava tocar em muitos bailes em Alfenas e toda região do sul de Minas, a gente não ouvia somente música norte-americana. Fomos muito influenciados também pela música que era feita em Cuba, Itália, França, México, e acho que tudo isso foi fundamental em nosso processo de fazer música. Mas nessa época a música inglesa e americana, em especial, tinha uma influência grande na nossa cultura.

Você já teve músicas censuradas no disco "Milagre dos Peixes" (1973). Na época, era tido como artista brando com o regime. Como fazia para driblar a censura?
Muita gente tem a visão de que minha postura era branda durante a ditadura. Mas isso é uma tremenda desinformação. Veja só uma coisa, quase todo mundo que era ameaçado entre 1964 e 1979 pelo CCC [Comando de Caça aos Comunistas] e pelos agentes do Dops tinha como primeira opção sair imediatamente do país. Agora, imagine aqueles que, como eu, recebiam ameaças o tempo todo e que, mesmo assim, decidiram ficar? Pense no que eu passei nos anos em que Castelo Branco, Costa e Silva, Médici e Geisel estiveram no poder. Muito se fala dos exilados, até com certo tratamento heroico, mas, me diga, e os que ficaram aqui e enfrentaram o desespero frente a frente? Disso ninguém fala! Eu nunca vejo a imprensa, que exalta tanto os exilados, falando dos resistentes. Pouca gente faz ideia do que era ser um artista durante a ditadura. Eu mesmo fui preso diversas vezes, e nunca vi ninguém falar disso. Perdi a conta de quantos amigos foram assassinados, e outros tantos até hoje continuam desaparecidos. Só quem ficou aqui sabe do que estou falando.

Como identificar uma letra de música malfeita?
Não costumo ficar analisando e identificando erros no trabalho dos outros. Quando decido gravar uma música composta por outro músico, não penso se ela é mal escrita ou não. Vejo se a beleza daquelas palavras toca meu coração, e se tocar, gravo.

De suas músicas, qual fala mais profundamente da sua alma?
Tudo que eu faço de certa forma tem a ver comigo, e eu só faço aquilo em que acredito e que me toca profundamente. Nesse meu novo disco ".E a gente sonhando", regravei uma música que a Nana Caymmi gravou de forma definitiva, Resposta ao tempo, de Cristovão Bastos e Aldir Blanc. Essa música fala muito sobre mim, mas não foi escrita por mim, entende? As músicas que fiz, cada uma a sua maneira, falam sobre os meus sentimentos, meus medos, solidões, tristezas, alegrias, ou seja, falam sobre Bituca.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Leitura em sala de aula

Hoje o tema da leitura em sala de aula é "Respeito". Gostaria que todos lessem o texto pensando a "empresa"como se fosse nossa escola. O que devo fazer para contribuir para o  meu sucesso, o sucesso de meu colega e o sucesso de minha escola? Em seguida, vamos  para o jogo cujo tema é "Declaração Universal dos  Direitos do Homem". Faremos ,então, a associação do tema do jogo com o do texto lido. Boa leitura!!! Lembre-se, cada pista que você usar no jogo, menos pontos você fará.

Todo ser humano merece respeito

É fato que todo e qualquer ser humano gosta e precisa ser respeitado. O respeito, além de ser considerado uma valiosa virtude, é essencial para que, nas empresas, possa haver um ambiente cujo clima organizacional seja harmonioso. Logo, isto se torna propício à produtividade; caso contrário, a mesma poderá ficar comprometida.
Por natureza, o respeito está atrelado ao comportamento e à atitude. Pensando assim, é preciso lembrar que cada ser humano veio de um "seio" familiar distinto. Cada um tem características peculiares, com valores e princípios diferenciados. Portanto, torna-se necessário que cada pessoa faça de seu íntimo uma breve análise, procurando seu autoconhecimento, analisando desta forma as profundezas de seu ser e sua conduta. Igual atenção deve ser dada ao comportamento diante de todos, diante da vida, verificando e buscando, desta forma, detectar suas falhas e procurando realizar os devidos acertos, tornando-se assim um ser humano cada vez melhor, uma nova pessoa.
Isto posto, torna-se de grande importância cuidar de sua atitude. É da mesma forma importante quanto cuidar de sua aparência perante o cenário mercadológico, e isto vale para quem deseja sobreviver no mercado de forma perene. É preciso aprender a respeitar a si próprio, para depois aprender a respeitar o próximo; logo, quem não se respeita, possui grande dificuldade em respeitar o outro.
Sabemos que o respeito é a base para a construção de quaisquer relacionamentos sólidos e equilibrados. Assim, na empresa, é preciso estar atento o tempo todo, procurando sempre respeitar o ambiente interno e externo em que estamos inseridos, enxergando nossos limites e respeitando o colega de trabalho como um verdadeiro ser humano.
É prioritário que também o percebamos como um verdadeiro parceiro, sabendo ouvi-lo, respeitando sempre o seu jeito de ser, dando-lhe a devida atenção, sendo cortês e educado para com todos, sem distinção. Todos merecem o devido respeito: desde o porteiro até a diretoria da empresa. Todos são parceiros e precisam ser respeitados.
Conhecedor da valiosa importância que tem o respeito no mundo dos negócios, um gestor do Século XXI deve ter o cuidado de inserir esse conceito na cultura organizacional da empresa do qual é responsável, preocupando-se em propagar o zelo pelo mesmo.
Face ao exposto, salientamos a importância de resgatar junto aos seus colaboradores os valores necessários à construção de uma pessoa melhor, que muitas vezes encontram-se perdidos no decorrer da caminhada. Tais valores são imprescindíveis para que esse "ser humano" se torne de fato humano, passando assim a não somente valorizar mais o outro, mas a respeitar a si próprio, bem como o próximo, tratando-o com dignidade, atenção, educação e respeito.
Vale frisar que o respeito e a educação são atributos bastante notáveis nas pessoas de destaque, e no trabalho faz todo um diferencial, já que sua imagem está sempre sendo observada.
É oportuno perceber que a ausência de respeito gera um estresse no ambiente de trabalho, situação essa desnecessária, que unicamente contribui para que ocorra certo desequilíbrio na produtividade, pois o colaborador, quando não se sente respeitado, não respeita os colegas de trabalho e nem a empresa da qual faz parte. Assim, ele não se dedica, não se empenha, não faz "aliança" com a empresa, não executa suas funções de forma a compartilhar idéias em equipe, e não se compromete com suas atividades, atribuições e/ou funções, podendo causar futuros transtornos dentro da organização.
De outro lado, quando se tem respeito, o ambiente de trabalho fica harmonioso e alegre, prevalecendo a transparência, a sinceridade e a verdade entre os componentes; assim, além de facilitar todo o trabalho em equipe, os colaboradores sentem que fazem parte de todo o processo, sentindo-se valorizados e satisfeitos.
Quando criamos em cada departamento esse clima favorável, temos o comprometimento e o envolvimento cada vez mais com as atividades, tendo cada "parceiro" sua natural iniciativa e seu consequente engajamento no trabalho em prol da busca incessante por resultados e, por conseguinte, maior produtividade.
Por fim, é preciso conscientizar que a empresa é composta por seres humanos, que devem não somente compartilhar, mas somar ideias, ideais, valores, princípios, conhecimentos, habilidades, talentos e compromissos; caso contrário, estará em pouco tempo fadada ao fracasso. Portanto, verifica-se que é de suma importância a empresa zelar pela agregação de todos esses valores.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Olá!!

Vamos aprender brincando? Selecionei algumas atividades de Língua Portuguesa com jogos interativos para que a aprendizagem seja mais prazerosa e significativa. Antes de iniciar, leia, por favor, as regras do jogo para melhor aproveitamento . Clique  brincar/jogo-da-gloria.htmlhttp://cvc.instituto-camoes.pt/aprender-portugues/a-brincar/jogo-da-gloria.html (verbos, colocação pronominal...)  http://ludotech.eu/jogos-por-assunto/ (advérbios) http://guida.querido.net/jogos/portug/dir-human.htm  (direitos humanos)  http://guida.querido.net/jogos/portug/ortogr-1.htm (ditongo -ão ou -am?)  http://guida.querido.net/jogos/portug/ortogr-2.htm ( brinca-se ou brincasse?)  http://guida.querido.net/jogos/portug/ortogr-3.htm ( Ah, à ou há? )
http://guida.querido.net/jogos/portug/divsil-2.htm ( fonologia - divisão silábica)
http://www.soportugues.com.br/secoes/jogos.php (substantivo e advérbio)
http://web.educom.pt/pr1305/hotpot_lp.htm (substantivo - hot potatoes)

Bom estudo!!!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Cem ( 100 ) dicas de Português


1 - "Custas só se usa na linguagem jurídica" para designar despesas feitas no processo. Portanto, devemos dizer: "O filho vive à custa do pai". No singular.

2 - Não existe a expressão "à medida em que". Ou se usa à medida que correspondente a à proporção que, ou se usa na medida em que equivalente a tendo em vista que.

3 - O certo é a meu ver e não ao meu ver.

4 - "A princípio" significa inicialmente, "antes de mais nada": Ex: A princípio, gostaria de dizer que estou bem. "Em princípio" quer dizer "em tese". Ex: Em princípio, todos concordaram com minha sugestão.

5 - "À-toa", (com hífen), é um adjetivo e significa "inútil", "desprezível". Ex: Esse rapaz é um sujeito à-toa. "À toa", (sem hífen), é uma locução adverbial e quer dizer "a esmo", "inutilmente". Ex: Andava à toa na vida.

6 - Com a conjunção se, deve-se utilizar acaso, e nunca caso. O certo: "Se acaso vir meu amigo por aí, diga-lhe..." Mas podemos dizer: "Caso o veja por aí...".

7 - Acerca de quer dizer a respeito de. Veja: Falei com ele acerca de um problema matemático. Mas cerca de é uma expressão em que o verbo haver indica tempo transcorrido, equivalente a faz. Veja: Há cerca de um mês que não a vejo.

8 - Não esqueça: alface é substantivo feminino. A alface está bem verdinha.

9 - Além pede sempre o hífen: além-mar, além-fronteiras, etc.

10 - Algures é um advérbio de lugar e quer dizer em algum lugar. Já alhures significa em outro lugar.


11 - Mantenha o timbre fechado do o no plural dessas palavras: almoços, bolsos, estojos, esposos, sogros, polvos, etc.

12 - O certo é alto-falante, e não auto-falante.

13 - O certo é alugam-se casas, e não aluga-se casas. Mas devemos dizer precisa-se de empregados, trata-se de problemas. Observe a presença da preposição (de) após o verbo. É a dica pra não errar.

14 - Depois de ditongo, geralmente se emprega x. Veja: afrouxar, encaixe, baixa, faixa, frouxo, rouxinol, trouxa, peixe, etc.

15 - Ancião tem três plurais: anciãos, anciães, anciões.

16 - Só use ao invés de para significar ao contrário de, ou seja, com ideia de oposição. Veja: Ela gosta de usar preto ao invés de branco. Ao invés de chorar, ela sorriu. Em vez de quer dizer em lugar de. Não tem necessariamente a ideia de oposição. Veja: Em vez de estudar, ela foi brincar com as colegas. (Estudar não é antônimo de brincar).

17 - Ainda se vê e se ouve muito aterrisar em lugar de aterrissar, com dois s. Escreva sempre com o "s" dobrado.

18 - Não existe preço barato ou preço caro. Só existe preço alto ou baixo. O produto, sim, é que pode ser caro ou barato. Veja: Esse televisor é muito caro. O preço desse televisor é alto.

19 - Ainda se vê muito, principalmente na entrada das cidades, a expressão bem vindo (sem hífen) e até benvindo. As duas estão erradas. Deve-se escrever bem-vindo, sempre com hífen.

20 - Atenção: nunca empregue hífen depois de bi, tri, tetra, penta, hexa, etc'. O nome fica sempre coladinho. O Sport se tornou tetracampeão no ano 2000. O Náutico foi hexacampeão em 1968. O Brasil foi bicampeão em 1962.

21 - Veja bem: uma revista bimensal é publicada duas vezes ao mês, ou seja, de 15 em 15 dias. A revista bimestral só sai nas bancas de dois em dois meses. Percebeu a diferença?

22 - Hoje, tanto se diz boêmia como boemia. Nelson Gonçalves consagrou a segunda, com a tonacidade no mia.

23 - Cuidado: Eu caibo dentro daquela caixa. A primeira pessoa do presente do indicativo assim se escreve porque o verbo é irregular.

24 - Preste atenção: O senador Luiz Estêvão foi cassado. Mas: O leão foi caçado e nunca foi achado. Portanto, cassar (com dois ss) quer dizer tornar nulo, sem efeito.

25 - Existem palavras que só devem ser empregadas no plural. Veja: os óculos, as núpcias, as olheiras, os parabéns, os pêsames, as primícias, os víveres, os afazeres, os anais, os arredores, os escombros, as fezes, as hemorróidas, etc.


26 - Pouca gente tem coragem de usar, mas o plural de caráter é caracteres. Então, Carlos pode ser um bom-caráter, mas os dois irmãos dele são dois maus-caracteres.

27 - Cartão de crédito e cartão de visita não pedem hífen. Já cartão-postal exige o tracinho.

28 - Catequese se escreve com s, mas catequizar é com z. Esse português...

29 - O exemplo acima foge de uma regrinha que diz o seguinte: os verbos derivados de palavras primitivas grafadas com s formam-se com o acréscimo do sufixo -ar: análise-analisar, pesquisa-pesquisar, aviso-avisar, paralisia-paralisar, etc.

30 - Censo é de recenseamento; senso refere-se a juízo. Veja: O censo deste ano deve ser feito com senso crítico.

31 - Você não bebe a champanhe. Bebe o champanhe. É, portanto, palavra masculina.

32 - Cidadão só tem um plural: cidadãos.

33 - Cincoenta não existe. Escreva sempre cinquenta.

34 - Ainda tem gente que erra quando vai falar gratuito e dá tonicidade ao i, como de fosse gratuíto. O certo é gratuito, da mesma forma que pronunciamos intuito, circuito, fortuito, etc.

35 - E ainda tem gente que teima em dizer rúbrica, em vez de rubrica, com a sílaba bri mais forte que as outras. Escreva e diga sempre rubrica.

36 - Ninguém diz eu coloro esse desenho. Dói no ouvido. Portanto, o verbo colorir é defectivo (defeituoso) e não aceita a conjugação da primeira pessoa do singular do presente do indicativo. A mesma coisa é o verbo abolir. Ninguém é doido de dizer eu abulo. Pra dar um jeitinho, diga: Eu vou colorir esse desenho. Eu vou abolir esse preconceito.

37 - Outro verbo danado é computar. Não podemos conjugar as três primeiras pessoas: eu computo, tu computas, ele computa. A gente vai entender outra coisa, não é mesmo? Então, para evitar esses palavrões, decidiu-se pela proibição da conjugação nessas pessoas. Mas se conjugam as outras três do plural: computamos, computais, computam.

38 - Outra vez atenção: os verbos terminados em -uar fazem a segunda e a terceira pessoa do singular do presente do indicativo e a terceira pessoa do imperativo afirmativo em -e e não em -i. Observe: Eu quero que ele continue assim. Efetue essas contas, por favor. Menino, continue onde estava.

39 - A propósito do item anterior, devemos lembrar que os verbos terminados em -uir devem ser escritos naqueles tempos com -i, e não -e. Veja: Ele possui muitos bens. Ela me inclui entre seus amigos de confiança. Isso influi bastante nas minhas decisões. Aquilo não contribui em nada com o progresso.

40 - Coser significa costurar. Cozer significa cozinhar.

41 - O correto é dizer deputado por São Paulo, senador por Pernambuco, e não deputado de São Paulo e senador de Pernambuco.


42 - Descriminar é absolver de crime, inocentar. Discriminar é distinguir, separar. Então dizemos: Alguns políticos querem descriminar o aborto. Não devemos discriminar os pobres.

43 - Dia a dia (sem hífen) é uma expressão adverbial que quer dizer todos os dias, dia após dia. Por exemplo: Dia a dia minha saudade vai crescendo. Enquanto que dia-a-dia (com hífen) é um substantivo que significa cotidiano e admite o artigo: O dia-a-dia dessa gente rica deve ser um tédio.
44 - A pronúncia certa é disenteria, e não desinteria.
45 - A palavra dó (pena) é masculina. Portanto, Sentimos muito dó daquela moça.

46 - Nas expressões é muito, é pouco, é suficiente, o verbo ser fica sempre no singular, sobretudo quando denota quantidade, distância, peso. Ex: Dez quilos é muito. Dez reais é pouco. Dois gramas é suficiente.

47 - Há duas formas de dizer: é proibido entrada, e é proibida a entrada. Observe a presença do artigo a na segunda locução.

48 - Já se disse muitas vezes, mas vale repetir: televisão em cores, e não a cores.

49 - Cuidado: emergir é vir à tona, vir à superfície. Por exemplo: O monstro emergiu do lago. Mas imergir é o contrário: é mergulhar, afundar. Veja o exemplo: O navio imergiu em alto-mar.

50 - A confusão é grande, mas se admitem as três grafias:enfarte, enfarto e infarto.

51 - Outra dúvida: nunca devemos dizer estadia em lugar de estada. Portanto, a minha estada em São Paulo durou dois dias. Mas a estadia do navio em Santos só demorou um dia. Portanto, estada para permanência de pessoas, e estadia para navios ou veículos.

52 - E não esqueça: exceção é com ç, mas excesso é com dois ss.

53 - Lembra-se dos verbos defectivos? Lá vai mais um: falir. No presente do indicativo só apresenta a primeira e a segunda pessoa do plural: nós falimos, vós falis. Já pensou em conjugá-lo assim: eu falo, tu fales...Horrível, não?

54 - Todas as expressões adverbiais formadas por palavras repetidas dispensam a crase: frente a frente, cara a cara, gota a gota, face a face, etc.

55 - Outra vez tome cuidado. Quando for ao supermercado, peça duzentos ou trezentos gramas de presunto, e não duzentas ou trezentas. Quando significa unidade de massa, grama é substantivo masculino. Se for a relva, aí sim, é feminino: não pise na grama; a grama está bem crescida.

56 - É frequente se ouvir no rádio ou na TV os entrevistados dizerem: Há muitos anos atrás... Talvez nem saibam que estão construindo uma frase redundante. Afinal, já dá ideia de passado. Ou se diz simplesmente há muito anos... ou muitos anos atrás... Escolha. Mas não junte o com atrás.

57 - Cuidado nessa arapuca do português: as palavras paroxítonas terminadas em -n recebem acento gráfico, mas as terminadas em -ns não recebem: hífen, hifens; pólen, polens.


58 - Atenção: Ele interveio na discórdia, e não interviu. Afinal, o verbo é intervir, derivado de vir.

59 - Item não leva acento. Nem seu plural itens.

60 - Atenção: As palavras meio e menos com função de advérbios são invariáveis, ou seja, não flexionam.Portanto: A mão está meio inchada. Há menos pessoas na reunião de hoje...

61 - Todo mundo gosta de dizer magérrima, magríssima, mas o superlativo de magro é macérrimo.

62 - Antes de particípios não devemos usar melhor nem pior. Portanto, devemos dizer: os alunos mais bem preparados são os .... E nunca: os alunos melhor preparados...

63 - Essa história de mal com l, e mau com u, até já cansou: É só decorar: Mal é antônimo de bem, e mau é antônimo de bom. É só substituir uma por outra nas frases para tirar a dúvida.

64 - Pronuncie máximo, como se houvesse dois ss no lugar do x. (mássimo)

65 - Toda vez que disser: É meio-dia e meio você estará errando. O certo é: meio-dia e meia, ou seja, meio-dia e meia hora.

66 - Não tenho nada a ver com isso, e não haver com isso.

67 - Nem um nem outro leva o verbo para o singular: Nem um nem outro conseguiu cumprir o que prometeu.

68 - Toda vez que usar o verbo gostar tenha cuidado com a ligação que ele tem com a preposição de. Ex: a coisa de que mais gosto é passear no parque. A pessoa de que(de quem) mais gosto é minha mãe.

69 - Lembre-se: pára, com acento, não existe mais.Correto: para

70 - E tem mais: pêlo(substantivo) não recebe mais acento.Para diferenciar da preposição pelo só o contexto.

71 - E quer mais? Pêra, a fruta,não leva mais acento. Correto: pera.

72 - Pôde, terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo poder. É para diferenciar de pode, a forma do presente. Então dizemos: Ele até que pôde fazer tudo aquilo, mas hoje não pode mais. Percebeu a diferença?

73 - Pôr só leva acento quando é verbo: "Quero pôr tudo no seu devido lugar". Mas se for preposição, não leva acento: Por qualquer coisa, ele se contenta.

74 - Fique atento: nunca diga, nem escreva 1 de abril, 1 de maio. Mas sempre: primeiro de abril, primeiro de maio. Prevalece o ordinal.

75 - É chato, pedante ou parece ser errado dizer quando eu vir Maria, darei o recado a ela. Mas esse é o emprego correto do verbo ver no futuro do subjuntivo. Se eu o vir, quando eu o vir. Mas quando é o verbo vir que está na jogada, a coisa muda: quando eu vier, se eu vier.

76 - Só use quantia para somas em dinheiro. Para o resto, pode usar quantidade. Veja: Recebi a quantia de 20 mil reais. Era grande a quantidade de animais no meio da pista.

77 - O prefixo recém sempre se separa por hífen da palavra seguinte e deve ser pronunciado como oxítona: recém-chegado de Londres.

78 - Não esqueça: retificar é corrigir, e ratificar é comprovar, reafirmar: Eu ratifico o que disse e retifico meus erros.

79 - Quando disser ruim, diga como se a sílaba mais forte fosse - im. Não tem cabimento outra pronúncia.

80 - Fique atento: só empregamos São antes de nomes que começam por consoante: São Mateus, São João, São Tomé, etc. Se o nome começa por vogal ou h, empregamos Santo: Santo Antônio, Santo Henrique, etc.

81 - E lembre-se: seção, com ç, quer dizer parte de um todo, departamento: a seção eleitoral, a seção de esportes. Já sessão, com dois ss, significa intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembleia, um acontecimento qualquer: A sessão do cinema demorou muito tempo.

82 - Não confunda: senão, (juntinho), quer dizer caso contrário e se não, (separado), equivale a se por acaso não . Veja: Chegue cedo, senão eu vou embora. Se não chegar cedo, eu vou embora. Percebeu a diferença?

83 - Tire esta dúvida: quando é adjetivo equivale a sozinho e varia em número, ou seja, pode ir para o plural. Mas como advérbio, quer dizer somente. Aí não se mexe. Veja: Brigaram e agora vivem sós (sozinhos). Só (somente) um bom diálogo os trará de volta.

84 - É comum ouvirmos no rádio e na tv o entrevistado dizer: O que nos falta são subzídios. Quer dizer, fala com a pronúncia do z. Mas não é: pronuncia-se ss. Portanto, escreva subsídio e pronuncie subssídio.

85 - Taxar quer dizer tributar, fixar preço. Tachar é atribuir defeito, acusar.

86 - E nunca diga: Eu torço para o Flamengo. Quem torce de verdade, torce pelo Flamengo.

87 - Todo mundo tem dúvida, mas preste atenção: 50% dos estudantes passaram nos testes finais. Somente 1% terá condições de pagar a mensalidade. Acreditamos que 20% do eleitorado se abstenha de votar nas próximas eleições. Mais exemplos: 10% estão aptos a votar, mas 1% deles preferem fugir das urnas. Quer dizer, concorde com o mais próximo e saiba que essa regra é bastante flexível.

88 - Um dos que deixa dúvidas,mas, pela norma culta, devemos pluralizar. Há gramáticos que aceitam o emprego do singular depois dessa expressão: Eu sou um dos que foram admitidos. Sandra é uma das que ouvem rádio.

89 - Veado se escreve com e, e não com I.

90 - Esse português tem cada uma: tem viagem com G e viajem com J . Tire a dúvida: viagem é o substantivo. A viagem foi boa. Viajem é o verbo: Caso vocês viajem, levem tudo.

91 - O prefixo vice sempre se separa por hífen da palavra seguinte: vice-prefeito, vice-governador, vice-reitor, vice-presidente, vice-diretor, etc.

92 - Geralmente, se usa o x depois da sílaba inicial en: enxaguar, enxame, enxergar, enxaqueca, enxofre, enxada, enxoval, enxugar, etc. Mas cuidado com as exceções: encher e seus derivados (enchimento, enchente, enchido, preencher, etc) e quando -en se junta a um radical iniciado por ch: encharcar (de charco), enchumaçar (de chumaço), enchiqueirar (de chiqueiro), etc.

93 - Não adianta teimar: chuchu se escreve mesmo é com ch.

94 - Ciclo vicioso não existe. O correto é círculo vicioso.

95 - E qual a diferença entre achar e encontrar? Use achar para definir aquilo que se procura, e encontrar para aquilo que, sem intenção nenhuma, se apresenta à pessoa. Veja: Achei finalmente o que procurava. Maria encontrou uma corda debaixo da cama. Jorge achou o gato dele que fugiu na semana passada.

96 - Adentro é uma palavra só: meteu-se porta adentro. A lua sumiu noite adentro.

97 - Não existe adiar para depois. Isso é redundante, porque adiar só pode ser para depois.

98 - Afim (juntinho) tem relação com afinidade: gostos afins, palavras afins. A fim de (separado) equivale a para: veio logo a fim de me ver bem vestido.

99 - Pode parecer meio estranho, mas pode conjugar o verbo aguar normalmente: eu águo, tu águas, ele água, nós aguamos, vós aguais, eles águam.

100 – O verbo convidar no sentido de solicitar a presença de alguém,chamar, convocar,exige a preposição para, e não a preposição a. Ex: Joseleide e Anacleto convidam a família e os amigos para participarem da cerimônia de casamento de sua filha.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Gêneros textuais

“Os gêneros são, em última análise, o reflexo de estruturas sociais recorrentes e típicas de cada cultura. Por isso, em princípio, a variação cultural deve trazer conseqüências significativas para a variação de gêneros, mas este é um aspecto que somente o estudo intercultural dos gêneros poderá decidir.” (MARCUSCHI, 2002)
- O gênero privilegia a natureza funcional e interativa da língua, já o tipo textual se preocupa com o aspecto formal e estrutural.
 Aspectos que devem ser observados na produção e uso do gênero textual:
       -  Natureza da informação
       -  Nível de linguagem (formal, informal, dialetal, culta)
       -  Situação em que o gênero se apresenta (pública, privada, solene)
 Gêneros discursivos: são realizações linguísticas concretas orais ou escritas, surgem da nossa necessidade, são empíricos. Ex: certidão de nascimento, resenha, telefonema, notícia jornalística, crônica, novela, horóscopo, receita, ofício, e-mail, bilhete, aula, monografia, parlenda, rótulos, música.... Clique http://sitededicas.uol.com.br/ e veja exemplos de diferentes contos, fábulas e contos ilustrados sem texto.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

E agora? Enem está chegando. Estou preparado(a)?

      Cursar uma faculdade gratuita é o sonho de muitos jovens que almejam uma carreira de sucesso e realização pessoal. Uma boa nota no Enem é o ponto de partida para concretização desse sonho, e só quem está realmente preparado terá essa condição. Porém, não basta tirar uma boa nota, depende da disponibilidade de vaga no curso que escolheu. E por falar em curso, já escolheu o seu? Clique http://guiadoestudante.abril.com.br/ e se informe sobre cursos superiores, enem;  há quizzes, simulados...muito legal!!! Divirta-se!!!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

POR QUE NÃO LER? POR QUÊ?

     

     Com o passar dos anos e os avanços tecnológicos, as pessoas se acostumaram a procurar por informações rápidas e diretas, que muitas vezes não são as mais instrutivas.
      A internet é um bom meio de informações rápidas e diretas, que quando bem utilizado pode trazer muito conhecimento.
     Mas mesmo com as facilidades da internet, é importante lembrar que ela não deve de modo nenhum substituir os livros.
     Além de interessantes, os livros tem a função de exercitar a nossa mente através da leitura. Infelizmente ler um bom livro é um hábito que tem se perdido no passar dos anos, e a juventude de hoje tem preferido filmes,jogos, ao invés de mergulhar nas aventuras dos livros.
    Ler nos torna mais cultos e críticos, isso sem falar na capacidade única que os livros têm de nos levar a lugares que jamais conheceríamos. Já dizia Charles W. Elliot que os “livros são os mais silenciosos e constantes amigos; os mais acessíveis e sábios conselheiros; os mais pacientes professores.”
    Em uma sociedade que valoriza eficácia e eficiência, a busca pelo conhecimento tem aumentado. O grande problema é a qualidade deste conhecimento, que tem caído consideravelmente, nos tornando mais acomodados com o mundo e o que vem sendo feito dele.
    Por mais que as escolas incentivem, ainda estamos longe de alcançar resultados significativos em relação ao interesse dos nosso jovens pela leitura. Uma solução para este problema pode ser uma maior inserção dos livros na vida das crianças por parte dos pais.
    Devemos entender que não é interessante oferecer um livro muito culto a uma criança, pois a tendência é que ela perca o interesse e pior ainda, acredite que todos os livros são “chatos” e difíceis de entender.
    Vale lembrar que a leitura é sempre bem vinda, seja ela de livros infantis, romances, ficções ou até mesmo revistas e histórias em quadrinhos. O importante é que o hábito não seja abandonado, e que o jovem possa sentir tudo aquilo que só a leitura pode proporcionar.
    Embora a leitura deva ser incentivada pelos pais, ela NUNCA deve ser obrigada ou forçada. É legal que o jovem tenha a leitura como um hobbie e não uma atividade massante, imposta.

BOA LEITURA!!!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Bater na madeira

As origens da expressão utilizada por supersticiosos

Márcio Cotrim*

O costume de bater na madeira vem de tempos bem antigos. Entre os celtas, consistia em bater no tronco de uma árvore para afugentar o azar, com base no fato de que os raios caem frequentemente nas árvores, sinal de que elas seriam a morada terrestre dos deuses. A pessoa estaria mantendo contato com o deus e lhe pedindo ajuda.
Na mesma linha, os druidas batiam na madeira para espantar os maus espíritos. Já na Roma Antiga, por sua vez, batia-se na madeira da mesa das refeições, considerada sagrada, para invocar os deuses protetores tanto da família quanto do lar.
Historicamente, a árvore preferida para neutralizar o mau agouro era o carvalho, venerado por sua força, imponência e longevidade. Ele teria poderes sobrenaturais por suportar a força dos raios.
Acreditava-se que vivia no carvalho o deus dos relâmpagos. Bater nessa árvore era, portanto, um meio para afastar perigos e riscos diversos.
Mata ciliar: Importante formação vegetal para a preservação da vida e da natureza, uma cobertura nativa existente nas margens de rios, igarapés, lagos, olhos-d'água e represas, e tão necessária para sua proteção como os cílios para nossos olhos, daí o berço da expressão. Elemento fundamental de um ecossistema, a mata ciliar, em linguagem de leigo, é, por assim dizer, a franja vegetal situada na beira de toda superfície líquida natural, estática ou dinâmica. Acolhe grande variedade de seres vivos, que nela encontram abrigo e refúgio.

Criado-mudo: É aquilo que a expressão sugere: um mordomo calado. No português falado no Brasil tem esse nome, embora em alguns estados, como o Rio de Janeiro, seja mais conhecido como mesinha de cabeceira. Trata-se de uma pequena mesa que fica ao lado da cama. Pode ter gavetas e nela são colocados ou guardados diversos objetos, o que facilita o acesso das pessoas que estejam deitadas. O termo criado-mudo se deve ao fato de ele servir como auxiliador, ao acolher coisas que não se pretende carregar, tarefa antigamente cumprida por mordomos e criados entre pessoas ricas.

As onomatopeias comerciais

Como o recurso que transforma sons em palavras virou uma arma do mercado para atrair consumidores

Luiz Roberto Wagner



O quadro Kapow!: onomatopeia representada no mercado da arte

Cerca de metade dos telespectadores brasileiros vê, ouve e lê o "plim-plim" da Globo chamando-a de volta a seu programa de TV. Essa palavrinha dá-nos um som onomatopaico, imita o som de um objeto.

Onomatopeia é a figura de linguagem - também chamada "figura de som" - que se forma pela imitação de ruídos, de gritos, de barulho de máquinas, canto de animais, sons da natureza, o timbre da voz humana. Esses recursos são muito explorados em histórias em quadrinhos e até pelo comércio.
Nos supermercados, encontramos a batata palha e o biscoito de polvilho da marca "Crac". Provavelmente quem batizou esses dois produtos quis indicar que as batatinhas e os biscoitos são torrados e crocantes, pois fazem o som "crac crac" quando mordidos; as onomatopeias têm sua carga significativa na sonoridade e não no conceito.

Nos supermercados, há onomatopeias inglesas estampadas em produtos. Tic Tac, por exemplo, indica um som regular e cadenciado, como o do relógio ou do batimento cardíaco, e passa para o português como "tique-taque" ou "tiquetaque".
"Ergue a voz o tique-taque estalado das máquinas de escrever." (Fernando Pessoa)
"Plim-plim" da Rede Globo: o som que virou sinônimo de marca
Para muitos estudiosos, as formações onomatopaicas são, em geral, de caráter universal. Há poucas semelhanças, entretanto, nos diferentes idiomas quando se traduzem graficamente essas expressões.
Kapow!
Cada língua convencionou a onomatopeia de uma maneira própria. Nas HQs brasileiras, quando um objeto cai na água, representa-se o ruído por "tchibum!" Já os norte-americanos traduzem o mesmo som como splash!. Porque inspirado em quadrinhos, Roy Lichtenstein (1923-1997) lançou as onomatopeias no rico mercado das artes, como no quadro Kapow!, versão em inglês de uma explosão. Fosse no Brasil, seria algo como "bum!".
Em português, a pessoas fazem "xixi"; os espanhóis fazem pis, o que nos leva a considerar a estreita relação do ruído com o líquido em questão.
Em nosso idioma, as onomatopeias formam só três classes de palavras: substantivos, verbos e interjeições (ver quadro abaixo).
É recurso dos mais comuns na prosa e na poesia, para produzir efeito especial e reforçar a capacidade comunicativa do texto. Tem, na poesia, grande importância estilística, pois nela se concentram melodia, harmonia e ritmo da frase. A poesia reforça os valores sonoros da onomatopeia pela aliteração (repetição de fonemas semelhantes). Daí sua sensível aproximação a essa figura de som, como neste trecho do  parnasiano Vicente de Carvalho:
Ouves acaso quando entardece
Vago murmúrio que vem do mar,
Vago murmúrio que mais parece
Voz de uma prece
Morrendo no ar?

Aqui, o conteúdo onomatopaico é criado não só pela repetição de "murmúrio", mas pela aliteração (repetição dos fonemas /v/ e /m/).
Onomatopeias provam a dinamicidade do idioma. Quer por meio de figura, quer pela imitação de sons, a língua estará sempre pronta a receber novos termos onomatopaicos.
Luiz Roberto Wagner é doutor em Letras e professor da Faculdade Interativa COC - Ribeirão Preto (SP)
As categorias
As onomatopeias assumem três classes de palavras
SubstantivoVerboInterjeição
bem-te-vicacarejarAaai!
fonfomcoaxarAh !
reco-recomiarUfa !
tico-ticomugirBah !
toque-toquepipilarPimba !
zunzumtilintarCatapimba !

quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Djavaneando" na linguagem

Djavan lança seu novo álbum e diz que todo compositor precisa dedicar à letra a mesma carpintaria que destina à melodia

Guilherme Bryan

Depois de 34 anos de carreira e 19 discos, o cantor e compositor Djavan Caetano Viana acaba de lançar o álbum "Ária", em que interpreta clássicos da música brasileira e norte-americana, como Sabes Mentir, de Othon Russo, Palco, de Gilberto Gil, e Fly Me to the Moon, de Bart Howard.

Para a crítica, suas letras abstratas e metafóricas cavaram um lugar próprio na MPB. Não lembram a entoação infantil das canções populares das primeiras décadas do século 20, nem as narrativas da reação malandra às condições sociais desiguais dos anos 30, tampouco as imagens justapostas de cocas e cocares do texto tropicalista. Sua obra marcaria uma evolução da letra de canções brasileiras, em que a aparente incoerência figurativa dificulta o entendimento imediato seja do tempo, do tema, da própria frase. Sua abstração textual tem concretude, no entanto. E é alvo de imitadores e estudos os mais diversos.

Djavan nasceu em Maceió (AL), em 27 de janeiro de 1949, e é um dos mais respeitados nomes da música brasileira. Admite que sua música não é fácil de letrar. Por isso, prefere ele mesmo criar os versos de suas canções. Diz que só consegue compor do jeito que compõe por dedicar à letra a mesma carpintaria que dispõe à melodia. E por gostar de brincar com o idioma, que é uma fonte inesgotável de variação de palavras para o mesmo significado. Busca, sempre, criar letra e música como um só verbo. Desejo e sina.

Quais as particularidades de interpretar o que os outros escreveram no álbum "Ária"?
Esse disco foi uma surpresa para mim. Em primeiro lugar, porque achava que ia ser mole fazer, porque não teria de criar doze canções novas, o que seria um trabalho gigantesco, pois também toco, canto, arranjo e produzo. Escolhi essa forma de fazer para poder ser íntegro ao máximo e mostrar a minha ideia musical sem interferências. Mas esse disco foi uma loucura, porque tive de ouvir tudo de novo, de Heitor Villa-Lobos a compositores mais recentes. Passei um ano pesquisando, porque não tinha certeza de nada. Tive grande insegurança. Enfim, esse disco tem doze canções que não são as melhores da minha vida, mas canções com as quais pude me relacionar melhor. Ao mesmo tempo, gosto de correr certo risco e, para aumentar o grau de dificuldade, trouxe uma formação instrumental improvável. Nunca imaginei que fosse ter uma banda sem bateria, mas com baixo acústico, percussão, guitarra e violão. Foi de um ineditismo incrível.

Acredita que tenha criado uma dicção própria em suas canções?
Sou um artista que se descobriu com o tempo, que tem um trabalho original, que se consegue identificar ao longe e em qualquer lugar. Quer dizer, o meu modo de cantar, compor, tocar, escrever e fazer arranjos é muito pessoal. Tenho um gosto pela musicalidade das palavras, que são seres vivos, digamos assim. Não são estáticas como as notas musicais. A palavra pode ter duas ou três conotações de acordo com a frase. E assim como faço experimentalismos musicais, também faço os linguísticos, algo que me move a vislumbrar outros caminhos.

Djavan lança novo álbum e diz que todo compositor precisa dedicar à letra a mesma carpintaria que destina à melodia


Você costuma, por exemplo, mudar as funções gramaticais das palavras em suas letras.
Em Oceano, o mar aparece para simbolizar a profundidade de um sentimento e eu o utilizei não como substantivo, mas como verbo: "Você deságua em mim e eu oceano". Quando descobri essa forma, fiquei muito feliz, porque é um achado maravilhoso.

Como estabelece a relação entre letra e música?
Já fiz de várias formas. Letra e música ao mesmo tempo. Primeiro a letra e depois a música, mas não chego a ter dez canções nesse formato. E primeiro a música e depois a letra, que é como eu passei a fazer de vinte anos para cá, o que me proporciona ter controle sobre as coisas, de modo a ficar mais à vontade para experimentar. A minha música não é fácil de letrar. Todos os letristas que passaram por ela, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Cacaso, Aldir Blanc, entre outros, fazem a ressalva de que é uma música muito subdividida e, por isso, requer uma adaptação para ser letrada. Mas é evidente que tenho um traquejo, porque faço isso há muito tempo.

Quais cuidados você toma com relação ao uso da língua ao compor?
É óbvio que já cometi erros ao longo da carreira, como todos os outros compositores cometeram, e já passei pela saia justa dos pronomes, do porquê, junto ou separado. Ao fazer uma letra, não é possível deixar de observar a sonoridade e a adequação de cada nota e de cada sílaba. Há vezes em que cometi erros, como na música Azedo e Amargo, em que coloquei "Ela é chegada em azedo e amargo", quando o formal seria "Ela é chegada a azedo e amargo". Com a melodia que eu tinha, não ia ficar bom. Mas é evidente que todo mundo quer escrever de maneira corretíssima, pois depois será julgado publicamente, e você vai aprendendo a escrever melhor ao longo do tempo. Minhas letras são muito usadas em teses de faculdades de todo o Brasil.

Suas letras por vezes parecem reunir imagens quase soltas, mas que, quando se encontram, têm forte significado. Como cria esse efeito de sentido?
Isso existe, mas não é o objetivo da minha escrita. Encontra-se em uma música ou em outra. Não tenho compromisso com algum formato específico de escrever. Quero me divertir e vislumbrar ritmo, cor, textura, beleza e conteúdo numa escrita. Do mesmo modo que experimento o tempo todo na música, experimento também na forma de escrever e procuro diversificá-la. Sinceramente, também acho que a mesma evolução que consigo na música consigo na escrita. Gosto muito das coisas que escrevo.

Seria arrogante dizer que criou uma escola e um estilo de composição?
O Brasil é um país cheio de matrizes - Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, Ivan Lins e João Bosco com Aldir Blanc, entre outros. São músicos que têm aquela pegada que é só deles. Eu suponho que faço parte desse grupo (risos). A crítica descobriu antes de mim que eu tinha um trabalho original e pessoal. É uma coisa natural, porque, quem gosta de Djavan só vai poder buscá-lo em mim. E tem gente que me tem como referência, caso do Jorge Vercilo. Há até na Alemanha uma escola que ensina só a minha música.

"Não tenho compromisso  com algum formato específico de escrever. Quero me divertir e vislumbrar ritmo, cor, textura, beleza e conteúdo numa escrita"

Quais artistas mais te influenciaram no modo de compor?
As minhas maiores influências são Luiz Gonzaga e Beatles. Luiz Gonzaga é um melodista fantástico, um letrista maravilhoso e um senhor cantor. E os Beatles me ensinaram, no momento em que estava embevecido com a complexidade da harmonização da Bossa Nova, a usar o acorde perfeito de maneira adulta e classuda. Enquanto a Bossa Nova trabalhava só com dissonância, que, por si só, traz no bojo uma complexidade e aura de sofisticação, os Beatles demonstraram que o acorde perfeito não tende apenas a dar uma atmosfera pobre às coisas.

A temática da natureza é frequente em suas canções. De onde vem o interesse?
Há quem diga que o amor é o tema central da minha composição, mas eu também utilizo a minha paixão pela natureza, que é mais instintiva, porque nasci numa cidade em que a água é o ponto de referência. Maceió é cercada por lagos, lagoas, mares e rios. Ao mesmo tempo, antes da água, a minha grande paixão é a mata. Eu tenho uma propriedade em Araras (na região serrana do Rio de Janeiro), que possui um pedaço de Mata Atlântica imenso. Se você me soltar ali às quatro horas da manhã, vou me sentir como se estivesse dentro de casa, pois sou apaixonado pela textura, construção, formato e coloração das folhas. E esse é um assunto inesgotável para canções, livros etc., que eu utilizo naturalmente.

O que mais atrai você no uso da língua portuguesa?
Eu amo trabalhar com a língua portuguesa e amo ter nascido nela, que é mágica e tem milhões de possibilidades. Ninguém, a rigor, conhece a língua 100%. Os catedráticos sempre reconheceram o fato de ela ser uma língua viva e que nos prega peças o tempo todo. Várias vezes tenho de recorrer ao dicionário para escrever uma palavra que nunca escrevi na vida, e olha que tenho muitos anos de carreira. Uma loucura. É uma língua de uma abrangência espetacular, que se aprende a cada dia. Estudei até o segundo ano científico (ensino médio) e depois saí à luta por trabalho. Mas o gosto pela língua sempre existiu, porque tenho a música como meta desde os 13 anos. Então, sempre tive um namoro com a língua. Às vezes há um sem-número de sinônimos que você pode usar para uma mesma conotação. Porém, cada maneira mais sutil tem o seu emprego definitivo. Tem muita gente que acha que basta usar um sinônimo que está dizendo a mesma coisa, mas não está. Por isso, é preciso ter atenção e sensibilidade para usar a língua portuguesa e saber que você só atinge a sua profundidade de acordo com o uso. Quanto mais se usa a língua, mais se aprende.

É possível dizer que há musicalidade no idioma?
Um verso meu que as pessoas às vezes citam quando querem determinar algo desconfortável numa letra é "Açaí, guardiã / Zum de besouro, um ímã / Branca é a tez da manhã". Eu acho esses versos maravilhosos, porque açaí é uma fruta do norte do país, que carrega nas costas as populações carentes ali existentes. É graças a ela que populações inteiras conseguem sobreviver. Por isso, eu a chamei de guardiã. Já quando você ouve o som de um besouro em algum lugar, tende a querer descobrir quem o está produzindo. Quer dizer, é um verso poético. O que tem é o seguinte: quem escreve poesia não tem nenhum dever, nem vontade de explicar, porque isso não se explica. Ou você gosta, entende e alcança ou não.

                  Admirável a dedicação de Djavan para compor música de qualidade ,contribuindo assim para a riqueza cultural do povo. Experimentem ouvir suas canções. São belas!!! Tocam a alma!!!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Linguagem, Língua Falada e Língua Escrita

 O que é linguagem?
É a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. 

A Linguagem está relacionada a fenômenos comunicativos; onde há comunicação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para estabelecermos atos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons, gestos e regras com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por exemplo). Num sentido mais genérico, a Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de sinais que se valem os indivíduos para comunicar-se.

Tipos de Linguagem
Pode ser:

Verbal: 
É aquela que faz uso das palavras para comunicar algo.
Ex:

Não Verbal:
Utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc.
Ex:

Língua
É um instrumento de comunicação, sendo composta por regras gramaticais que possibilitam que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e compreender-se.  
Ex:


falantes da língua portuguesa.
A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre condicionada pelas regras socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir um exercício criativo da comunicação. 
Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da seguinte maneira:


A família de Regina era paupérrima.Outro, no entanto, pode optar por:
A família de Regina era muito pobre.
Diferenças e semelhanças
As diferenças e semelhanças constatadas devem-se às diversas manifestações da fala de cada um. 
Além disso, essas manifestações devem obedecer às regras gerais da língua portuguesa, para não correrem o risco de produzir enunciados incompreensíveis como:


Família a paupérrima de era Regina. 
Língua Falada e Língua Escrita
Não confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua. 

Língua falada:
Mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. 

Língua escrita:
É um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.

Por exemplo: No Brasil, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:


Fatores regionais: 
Nota-se a diferença do português falado por um habitante da região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. 
Dentro de uma mesma região, também há variações no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.


Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.


Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos: quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura.

Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da informática, biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas.


Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta. 


Fala
Utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato individual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e sua necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente sociocultural em que vive, etc. 
Desse modo, dentro da unidade da língua, há uma grande diversificação nos mais variados níveis da fala

Cada indivíduo, além de  conhecer o que fala, conhece também o que os outros falam; é por isso que somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de cultura, embora nem sempre a linguagem delas seja exatamente como a nossa. 

Níveis da fala
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar alguns níveis:

Nível coloquial-popular:
É a fala que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente em situações informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utiizá-lo, não nos preocupamos em saber se falamos de acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua.

Nível formal-culto:  
É o nível da fala normalmente utilizado pelas pessoas em situações formais. Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras gramaticais estabelecidas pela língua.

Signo
O signo linguístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: o significado e o significante. Ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a sequência de sons que formam essa palavra. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa memória. 
Essa lembrança constitui uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro que é o significante do signo cachorro
Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional de quatro patas, com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse conceito que nos vem à mente é o significado do signo cachorro e também se encontra armazenado em nossa memória.
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras gramaticais convencionadas pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível colocar o artigo indefinido um diante do signo cachorro, formando a sequência um cachorro, o mesmo não seria possível se quiséssemos colocar o artigo uma diante do signo cachorro. A sequência uma cachorro contraria uma regra de concordância da língua portuguesa, o que faz com que essa sentença seja rejeitada. 

Os signos que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento de uma língua engloba tanto a identificação de seus signos, como também o uso adequado de suas regras combinatórias.

 *Signo = significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata do signo) + significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas)


Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que obedecem às regras gramaticais.

Signo: elemento representativo que possui duas partes indissolúveis: significado e significante.

Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de expressão e compreensão.

terça-feira, 1 de março de 2011

Sujeito e Predicado

Introdução


Chamamos de termos essenciais da oração aqueles que compõem a estrutura básica da oração, ou seja, que são necessários para que a oração tenha significado. São eles: sujeito e predicado.

Encontramos diversas definições do que vem a ser sujeito, tais como:
  • Sujeito é o elemento do qual se diz alguma coisa.
  • Sujeito é o ser que pratica ou recebe a ação que o verbo expressa.
Já sobre predicado podemos dizer que é aquilo que se diz sobre o sujeito.



SUJEITO


NÚCLEO DO SUJEITO


É a palavra (substantivo ou pronome) que realmente indica a função sintática que está exercendo.

Exemplo: O computador travou novamente.
                      Núcleo

A lâmpada está queimada.
    Núcleo

TIPOS DE SUJEITO


O sujeito pode ser:

DETERMINADO


O sujeito é determinado quando é facilmente apontado na oração e subdivide-se em: simples e composto.

a) SIMPLES à quando possui um único núcleo.

Exemplo: o menino quebrou a janela.
                  Núcleo

Olga aprendeu a tocar violão.
Núcleo

b) COMPOSTO  apresenta dois ou mais núcleos.

Exemplo: Do Carmo e Dirceu cambaleavam pela rua.
                         Núcleo

O Windows e o Linux disputam o mercado de informática.
            Núcleo

c) IMPLÍCITO à quando podemos identifica-lo através da desinência verbal.

Exemplo: (eu) Pintei algumas camisas.

(nós) Viajaremos para São Paulo.

INDETERMINADO


Quando não é possível determiná-lo na oração.

O sujeito indeterminado apresenta-se de duas maneiras:
  1. verbo na 3ª pessoa do plural, sem a existência de outro elemento que exija essa flexão do verbo.
  2. verbo na 3ª pessoa do singular acompanhado do pronome SE.
Exemplo: Maria, falaram de você na festa.
Mandaram o pintor concluir o serviço.
Precisa-se de costureiras.

ORAÇÕES SEM SUJEITO


São orações constituídas apenas pelo predicado, pois a informação fornecida não se refere a nenhum sujeito. As principais são:
  1. verbos que exprimem fenômenos da natureza: chover, trovejar, nevar, anoitecer, amanhecer, etc.
  2. Exemplo: Choveu muito hoje pela manhã. Nevou bastante durante o inverno.
  3. o verbo haver no sentido de existir ou indicação de tempo transcorrido.
  4. Exemplo: Houve sérios problemas na rede da empresa. vários anos não viajamos juntos.
  5. verbo fazer, ser e estar indicando tempo transcorrido ou tempo que indique fenômeno da natureza.
  6. Exemplo: Faz duas semanas que não viajamos. Está muito quente hoje. Era noite quando ele chegou.
Observações:
  1. o verbo SER, impessoal, concorda com o predicativo, podendo aparecer na 3ª pessoa do plural.
  2. Exemplo: São oito horas da manhã. É uma hora da tarde.
  3. os verbos que indicam fenômenos da natureza, quando usados em sentido conotativo (figurado) deixam de ser impessoais.
  4. Exemplo: Amanheci indisposto. Choveram reclamações sobre as operadoras de telefonia.
  5. quando um pronome indefinido representa o sujeito ele deve ser classificado como determinado.
  6. Exemplo: Alguém pegou a minha borracha. Ninguém ligou hoje.

PREDICADO


O predicado é aquilo que se comenta sobre o sujeito. Para estudá-lo é necessário conhecer o verbo que forma o predicado: verbo de ação ou ligação 

VERBOS DE LIGAÇÃO


São verbos que expressam estado ou mudança de estado e ligam o sujeito ao predicativo.

Exemplo: Os alunos permaneceram na sala.
                                        VL
O computador é antigo.
                      VL

O verbo de ligação pode expressar:
  1. estado permanente: expressa o que é habitual, o que não se modifica. Verbos SER e VIVER.
  2. Exemplo: Anita é bonita.
  3. estado transitório: expressa o que é passageiro. Verbos ESTAR, ANDAR, ACHAR-SE, ENCONTRAR-SE.
  4. Exemplo: Antônio anda preocupado. A criança está doente.
  5. mudança de estado: revela transformação. Verbos FICAR, TORNAR-SE, ACABAR, CAIR, METER-SE.
  6. Exemplo: A pintura ficou bonita
  7. continuação de estado: Verbos CONTINUAR, PERMANECER.
  8. Exemplo: O computador permaneceu desligado. José continua febril.
  9. estado aparente: VERBO PARECER.
  10. Exemplo: A sobremesa parece saborosa.

TIPOS DE PREDICADO


Há três tipos de predicado: predicado nominal, predicado verbal e predicado verbo-nominal.

PREDICADO NOMINAL


Expressa o estado do sujeito. O verbo é de ligação.

Exemplo: O dia continua quente.
                           PREDICADO
Todos permaneciam apreensivos.
                  PREDICADO

Observação: o núcleo do predicado nominal é chamado predicativo do sujeito, pois atribui qualidade ou condição.

PREDICADO VERBAL


Expressa a ação praticada ou recebida pelo sujeito.

Exemplo: Os professores receberam o prêmio.
                                             PREDICADO

Observação: o núcleo do predicado verbal é o verbo, pois sua mensagem principal é a ação praticada ou recebida pelo sujeito.

Exemplo: Os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho.
                                                            PREDICADO

PREDICADO VERBO-NOMINAL


Informa a ação e o estado do sujeito.

Exemplo: Nós chegamos cansados.
                         AÇÃO    ESTADO

Cândida retornou feliz da viagem.
                AÇÃO      ESTADO

Observação: o predicado verbo-nominal é constituído de dois núcleos – um verbo e um nome – porque fornece duas informações: ação e estado.

Exemplo: O comprador saiu da loja estressado.

A criança dormia tranqüila.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Variação Linguística

Variações linguísticas

Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.

1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita;


2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;


3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões.


Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.



Troca de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco.
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.
Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).
salização das vogais postônicas: home/homem.
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.





Variações regionais: os sotaques
Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.

Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.

Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.


Língua e status
Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para percebers que há preconceito em relação a elas.

Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)

Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.

Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico.


*Alfredina Nery Professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.